quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Arte para não-curiosos (ou não)!



Michelangelo Roberti é um artista conceitual italiano. Ele desenvolveu uma maneira um tanto incomum de explorar aspectos da curiosidade humana com sua arte. Ele os coloca em uma caixa, e recebe um pagamento em troca da ideia.

Michelangelo vende cubos de madeira pintados de negro. Ele decidiu criar apenas 999 cubos para vender e, até agora, obteve bastante sucesso entre compradores de arte.

Os 999 cubos são todos iguais. Mesmo tamanho, forma, cor. Não há diferença exterior. Ninguém seria capaz de diferenciar um do outro. Então, por que eles tornam-se peças de arte tão interessantes?

A resposta está no interior de cada um. O artista garante que todos possuem algo por dentro, e o único jeito de saber o que é esse algo é destruindo a obra, tornando inútil conhecer seu conteúdo.

Colocando de outra forma: o comprador morre de curiosidade para saber o que faz seu cubo ser tão único, mas se abri-lo, perderá sua peça de arte. Verá todo o valor da obra se esvair, no momento em que olhar para o que ela esconde por dentro.

“Os cubos de madeira são a representação material da curiosidade humana”, diz o artista. “Eu imagino um homem, sentado em seu sofá, bebendo uma xícara de chá. Cada olhar de soslaio para o cubo traz à sua mente a mesma pergunta: O que tem lá dentro?”, completa ele.

A questão poderia realmente tornar-se um pesadelo para muitas pessoas. Você poderia imaginar a si próprio, tendo esse bonito cubo de madeira pintada de negro em algum lugar de sua casa, assombrado por uma curiosidade que não pode matar? Pensando por esse lado, a função conceitual para esse trabalho seria a de uma espécie de personal trainer da paciência.

Michelangelo torna tudo ainda mais intrigante, quando divulga que, quando todos os cubos forem vendidos, algo mais irá acontecer. Ele frisa apenas que conhecer o conteúdo dos cubos irá mudar o sentido de toda a experiência. Até agora, Roberti vendeu 60 dos 999 cubos. Esperemos para ver como os compradores irão se comportar, até lá.

Eis, abaixo, o conceito da obra, na íntegra:

“999 cubos negros de madeira. A forma, aparência e dimensões de todos os 999 são exatamente as mesmas. Dentro de cada cubo há algo... Essa coisa tem um significado preciso, enquanto permanece fechada dentro do cubo. Se você abrir o cubo, o sentido dessa coisa estará irreparavelmente perdido. A única maneira de possuir esse significado é deixando-o dentro do cubo... mas... isso é obviamente impossível!”

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