quinta-feira, 29 de julho de 2010

Símbolos I


O DRAGÃO


Presente na mitologia e lendas da maioria dos povos, é um dos ícones máximos do fabuloso, da fantasia. Ser híbrido, às vezes serpente alada, outras vezes um réptil extraordinário.

Uma das quatro alegorias elementares que permeiam muitos contos de fadas – temos ainda, o cavaleiro, a princesa e a torre - seu hálito é venenoso e seu sangue, fatal. Símbolo da luta, da adversidade que deve ser vencida, das dificuldades, dos obstáculos.

No Antigo Testamento, o dragão assemelha-se ao caos contra Deus. No apocalipse, persegue a mulher vestida com o sol (Maria) e é precipitado no abismo pelo Arcanjo Miguel.

Na Psicanálise, simboliza a luta do eu com as forças do inconsciente.

No hinduísmo e taoísmo o dragão possui poder espiritual capaz de produzir a bebida da imortalidade.

Na China e Japão é símbolo de sorte e da fecundidade. Não possui as características malévolas atribuídas pelo ocidente. Considera-se que afasta os demônios relacionados com as forças da água. Seu rival é o tigre. O dragão é o quinto signo do zodíaco chinês, e corresponde ao leão.

Zêuxis e Parrásio: duelo de pintores na Grécia antiga

Zeuxis pintando um menino com uvas

( detalhe dos murais da Galeria de História da Pintura Antiga - Encáustica)


“Juro por todos os deuses que não daria a beleza por todo o poder do rei da Pérsia”


A frase acima é atribuída a Xenofonte, um dos discípulos de Sócrates, e é bem representativa da relação que os gregos tinham com o prazer visual naquele período.

É curioso notar que a pintura grega não foi tão expressiva quanto outras formas de arte, como a escultura ou a arquitetura. Ao contrário, ela era considerada uma arte menor. Surgiu das mãos dos artesãos, principalmente, ornando vasos. Somente mais tarde, quando o afresco e a têmpera se aperfeiçoaram, o público começou a lhe dar certo valor.

Patrocinada por vários governos, surgiam representações de episódios homéricos e da Guerra de Tróia. Polignoto de Taso foi tão competente que recebeu de Atenas uma altíssima recompensa: a cidadania. Outro pintor, Paneno, inventor do “retrato”, causou êxtase nos observadores de seu afresco, onde os personagens da “Batalha de Maratona” podiam ser facilmente reconhecíveis.

Mas, naquele ponto, as obras ainda possuíam sérios problemas em relação à aplicação prática dos estudos geométricos tão dominados pelos escultores. Levou algum tempo até que os rígidos padrões de beleza da época fossem absorvidos pelos artistas e a pintura passasse, também, a primar pelo realismo e domínio das técnicas.

Foi Agatarco, cenógrafo de Ésquilo e Sófocles, quem conseguiu compreender, enfim, o jogo de claro-escuro sobre o qual já existiam extensos tratados. Apolodoro, o “pintor de sombras”, alcançou tal excelência que recebeu de Plínio um respeitoso elogio: “Foi o primeiro a representar os objetos como realmente aparecem.”

Estava inaugurada ali a época dourada das Quadrienais gregas, concursos e disputas entre os pintores, sempre visando o deslumbre do público e júri com demonstrações quase atléticas de representações do belo ideal.

Numa dessas disputas, surgiu um personagem bastante singular. Trazia cavalete, pincéis e tintas e vinha envolto em uma luxuosa túnica, onde seu nome, Zêuxis de Heracléia, reluzia, costurado em ouro. Agatarco, o cenógrafo já citado, logo o desafiou a improvisar um afresco, para ver quem terminava primeiro. Zêuxis respondeu: “Tu, certamente, pois podes assinar qualquer garatuja. Minha assinatura é só para obras-primas”. Foi, então, apresentando suas obras, distribuindo-as aos governos, ministros e deputados. Diante da surpresa geral, ele alegou que seus trabalhos eram “fora de prêmio”, porque nenhuma soma seria suficiente para Pagar seu valor.

Os atenienses, envolvidos pelas atitudes daquele novo e imodesto gênio, definiram sua chegada como um “acontecimento” e convidaram-no para se estabelecer entre eles. Zêuxis, embora tivesse aceitado o convite, manteve seus modos altivos. Falava a quem quer que fosse com superioridade, diminuía e ignorava seus rivais.

O mais ilustre deles, Parrásio de Éfeso, proclamava a sim mesmo “o príncipe dos pintores”. Usava sempre uma coroa e, quando adoecia, pedia aos médicos que o currassem “porque a Arte não suportaria o golpe de minha morte”. No entanto, Parrásio era conhecido também por sua cordialidade, por seu temperamento alegre e brincalhão, pelo seu constante assobio e as anedotas que contava aos muitos amigos que o cercavam.

Começava entre os dois uma luta ferrenha pela supremacia. Parrásio dizia zombarias e fazia caricaturas de Zêuxis. Zêuxis, por sua vez, espalhava rumores de que o rival comprava escravos e os torturava, no intuito de estudar suas contorções sob o chicote. Tal situação rumou rapidamente para um clímax, quando os dois concordaram em apresentar-se diante de uma comissão que decidiria quem era o melhor.

Zêuxis retirou o tecido que recobria seu quadro e expôs uma natureza morta, representando cachos de uva. Eram tão “reais”, que um bando de pássaros se atirou sobre a obra, para comer os frutos. Os juízes gritaram de entusiasmo. Já certo de sua vitória, ele convidou o adversário a retirar, também, o pano que cobria seu trabalho. Foi com muita surpresa que Zêuxis, assim como todo o júri, perceberam que o próprio pano era só pintura.

Finalmente esboçando algum traço de modéstia e cavalheirismo, Zêuxis declarou-se vencido e deixou Atenas a seu aclamado rival. Retirando-se para Cróton, viveu algumas outras histórias, às quais valem muito a pena uma visita, em algum outro momento, adiante.

É importante reafirmar que, apesar de tais personagens e feitos, a pintura grega sempre foi um pálido reflexo das esculturas, e sobreviveu graças aos estados, basicamente por meio de concursos e encomendas. Ainda assim, tais histórias, por serem tão interessantes quanto representativas do pensamento estético de uma época, não merecem, de forma alguma, cair no esquecimento.

domingo, 25 de julho de 2010

Arte para quê?

No mundo atual, onde o mercado de trabalho é tão concorrido, todos nós somos sempre levados a nos preocupar com a “utilidade” das coisas. É importante, então, pararmos para pensar um pouco sobre a seguinte questão: afinal, por que aprendemos arte nas escolas?

Poderíamos dizer que há muitos profissionais que utilizam o conhecimento artístico para auxiliar e enriquecer seu trabalho, como os designers de produtos, os fabricantes de móveis, os publicitários... Já outras profissões parecem estar bem distantes do mundo das artes. Então, isso quer dizer que para algumas pessoas a arte é “inútil”?

Com a arte, exercitamos nossa imaginação, temos a oportunidade de descobrir e inventar, exploramos nossas sensações. Em resumo: o conhecimento artístico nos torna seres humanos melhores, mais completos, e isso não tem nada a ver com as nossas escolhas profissionais.

Reflita por um momento sobre isso: pense nas vezes em que um filme o levou a lugares fantásticos, ou quando uma música conseguiu expressar perfeitamente um sentimento muito particular...

Portanto, ao tomarmos contato com arte, ampliamos o conhecimento que nós temos a respeito de nós mesmos, do outro e da realidade em que vivemos.

O trabalho artístico, como linguagem, além de trazer conhecimento técnico, expressa sentimentos, retrata as necessidades que o artista tem de se comunicar.

Desenhar, por exemplo, é colocar uma visão no papel. Mais do que isso, é a expressão individual de interesses, percepções. Cada um tem seu próprio modo de perceber o mundo e expressá-lo artisticamente. Assim, é um bom começo aprender a perceber os detalhes do mundo à sua volta, e, se você possui alguma aspiração artística, procure praticar bastante, retratando no papel aquilo que vê, respeitando sempre sua própria necessidade de se expressar.